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Chocolate Quente e Bolachas de Manteiga

Aqueles momentos diários que nos provocam um pensamento, um sorriso ou uma lágrima mas que de tão banais, seriam esquecidos se não ficassem escritos.

Chocolate Quente e Bolachas de Manteiga

Aqueles momentos diários que nos provocam um pensamento, um sorriso ou uma lágrima mas que de tão banais, seriam esquecidos se não ficassem escritos.

Uma Questão Alentejana

Hora de almoço, tarde quente, a rua está quase deserta.

 

Vejo uma senhora de idade que se aproxima, apetece-me cumprimentá-la mas ela fá-lo primeiro.

 

Percebo que tem pronúncia alentejana.

 

Queixa-se que ainda lhe falta muito para chegar a casa, que sentiu uma pontada no peito. Reconforto-a, incentivo que não falta assim tanto.

 

Quer saber se sou alentejana, digo que não, insiste, diz que tenho algo na minha fala, possivelmente morei lá, continuo a dizer que não, que sou alfacinha de gema e sempre aqui morei, mas ela continua a insistir. Acabo por lhe contar que o meu avô era alentejano, de Campo Maior mas que nunca o conheci, morreu muito antes de eu nascer.

 

Revelados os meus antecedentes, diz que afinal tinha razão, via-se logo na minha voz. Encontrou uma pseudo-conterrânea e continua o seu caminho feliz.

 

Mudam-se Os Tempos, Não Se Mudam As Vontades

Sentada numa varanda, num bairro lisboeta que conheço há mais de 40 anos, encontro um novo passatempo, observar turistas.

 

Vejo entrar para o prédio da frente, onde viviam os vizinhos que conheciamos de cor, com embalagens de cerveja na mão, quatro homens com ar de nórdicos.

 

E penso, turistas a prepararem-se para emborcar cerveja...oh...very typical.

 

Afinal a oeste nada de novo.

A Gata

A gata acorda assarapantada do seu primeiro sono no novo lar. Ao virar-se vê as suas novas amigas, a humana e a felina, a observá-la. Não estava a sonhar. Dá um suspiro profundo e volta a adormecer descansada.

 

Apesar da sua tenra idade e da sua irracionalidade (dizem os humanos) sabe que chegou a casa.

O Banco

Tenho um pequeno banco de plástico, cuja única finalidade é a de chegar aos pontos mais altos, onde o meu metro e sessenta e três não me permite chegar.

 

Lembrei-me de o usar para me sentar frente ao caixote do lixo a descascar batatas e imediatamente fui transportada trinta e muitos anos atrás. E eu já não era eu, era a minha bisavó materna, com oitenta e poucos anos, numa pequena aldeia do Douro a descascar batatas para o almoço da família. E o que tinha à frente não era um caixote de lixo azul mas um velho balde preto para onde caiam as cascas para mais tarde alimentar os animais. 

 

E aquele pequeno e banal banco de plástico onde me sentei, deixou a sua trivialidade e passou a ser um elo de ligação entre o meu eu e as mulheres que me correm no sangue.

O Pregador

À entrada para uma festa um homem pede-nos três minutos para um inquérito. Com tempo e paciência, eu e a minha amiga acedemos.

 

Na terceira pergunta, questiona se nos pode resumir a Bíblia em dois minutos. Não acreditando que ele consiga aquele feito em 120 segundos e começando a perder a paciência digo-lhe que não, que já conheço a história.

 

A minha amiga também diz que não, e acrescenta que tirou um curso sobre a Bíblia.

 

O homem chateado e começando a elevar a voz responde que tem um mestrado naquele tema.

 

Da minha parte dá-me vontade de gritar que tenho um doutoramento. É mentira mas apetece-me ganhar aquele jogo.

 

 

O Violoncelista

Após um concerto de música barroca um homem transporta um violoncelo às costas e sorri, com um sorriso gozador, para as investidas vãs de três outras pessoas que tentam arrumar um órgão dentro de uma pequena carrinha.

 

Há sempre alguém pior do que nós.

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